Energia e Realidade

Sem desmerecer nenhum estudo acerca da realidade ou mesmo de energias, trato aqui de um ponto de vista embasado em alguns conceitos:

Primeiro vamos pensar nos números: os números como são encarados por diversas vertentes esotéricas e místicas compreende em si um valor matemático e um significado metafísico. Partindo desse ponto de vista ao estudarmos cada número separadamente compreendemos um princípio de evolução. 2.a – Pitágoras (580 a 500 AC): 1 – Metafísica: O número é o princípio constitutivo das coisas. O número par representa o infinito, o ímpar o finito. Infinito e finito se unem pela harmonia. O universo é o cosmos. Pitágoras diz que os dois primeiros números são puramente metafísicos enquanto que a partir do terceiro percebemos a realidade. Em suma o terceiro número é o primeiro número a representar uma figura geométrica e portanto o primeiro número real.


implicações…


– Seja bem vindo! Vejo que vens de longe em busca de respostas. Saiba de antemão que não as tenho, mas poderei ajudar a encontra-las. Primeiro sente-se por perto e vamos prosear um pouco. E não tema nada, pois tudo está conforme deveria.


Você se aproxima e senta-se por perto em um dos tocos deitados no chão. A região é grande e a mata espessa. O murmúrio da floresta lhe angustia a princípio, mas a presença do homem ao seu lado lhe acalma. Muitas perguntas surgem em sua mente, mas sua boca não as deflagra. E em silêncio permanece até o derradeiro momento.

meu rebento…

O sonho é como o que flui, indiscriminadamente através dos dedos, caindo ao léu em pontos variados do trajeto. Irrita o desejoso por ele tantas e tantas vezes, mas nunca se esvai por inteiro, parecendo transmutar-se em algo até bem diferente do antigo roteiro, mas no fundo quem muda somos nós, na forma de ver e ter esse mesmo desejo. É assim que quando desvendamos os “cantos escuros” que percebemos novos formatos, novos manejos. E depois de longos anos inteiros ainda com ele no peito sabemos bem o que é tê-lo livre do mal do tempo… que só envelhece a nós, casulos carcomidos pelas ânsias de nós mesmos.

“Sendo assim, agora sabendo que tais sonhos nunca falecerão em meu seio, implico em ser a melhor terra pra gerar os mesmos… sou mãe e pai de meu eterno rebento, eu mesmo”.

Contudo esquecer-se no vácuo dos lugares sujos e vagos, manipulando o sonho é como ter na boca um veneno, desses que não matam, mas amargam o belo. Estacionando ao iludir-se de contatos inexistentes e relações esquizofrênicas de um plano interno nem sempre tão retos. O que se encontra após é só resto.

Desde já permitir-se sentir dor é deixar o parto ser dado com sua própria cor. É aceitar que somos o que somos… tanto quanto o que ministramos em nós… se vinho ou se veneno. E assim conduzir-nos, mesmo que seja para iludirmo-nos no canto do quarto por alguns momentos.

Vê que não há erro quando o desejo é o tormento? Ele por si só mantém-se inteiro enquanto nós amarguramos os medos. Por isso quando sonhos tiver, seja sonho tanto quanto ele é… tanto quanto ele é… tanto quanto você é… tanto quanto ele é… tanto quanto.

Tanto quanto.

S.O.Q.C.

Guerra

Escravos cegos rangem os dentes. Abutres rodeiam o corpo quase sem vida da meretriz milenar. Já nascem cegos, surdos, mudos e aleijados. Já nascem em funerárias. Já nascem sem alma. Se por ventura nascessem com alma à venderiam na primeira pocilga por míseros trocados.

O falso templo apodrece, repleto de vermes, fieis ao bizarro espetáculo. Em louvor ao nada matraqueiam balbuciantes palavras mal decoradas, sem alma... Agoniza o trono usurpado. Treme a terra, o mar devasta, masoquistas macacos se mutilam e se maltratam. Do alto grita o falcão-menino, só que porcos não olham para o alto.

Dionísio desmascara seu falsário, a farsa que ergueu impérios à sua sombra, a mentira sem personalidade.

Gaia cansada desperta de seu sono de passividade. E ela ruge, ela range, ela rosna, ela rasga... E não há hospedeiro que não reaja à colonias de parasitas sem respeito e sem sanidade.

Este é um grito de guerra, um gemido vindo do Abismo do Alto e do Baixo. E ao ouvir o grito, a Senhora Morte prepara seu cavalo de treze faces.

Que se abram a cortinas! É chegada a hora do espetáculo....

Peneirando...

Às vezes penso que tudo poderia ser diferente do que vivemos hoje. Poderia ser tão mais simples. Tenho saudades do tempo em que só havia árvores, pessoas e um firmamento. Longe da poluição nossa de cada dia, do cheiro podre das propagandas, da frieza mecânica, das prisões de rotina, de toda a maquiagem cancerígena e das mensagens que circulam tão inúteis que mais confundem ao invés de informar. Mas não cuspirei no prato que como, pois bem sei que sou uma mutação constante e que o erro é o mau uso da matéria e o abandono da alma. Mas eu sei do perigo que é viver neste palco, sendo malabarista de mundos paralelos, sendo carne e alma.

Sim, tenho saudades de quando todos falavam com a vida, de quando éramos realmente reflexos da natureza divina. Hoje o que mais há são sombras imperfeitas, aberrações do espírito. Não quero ser pessimista ou radical, mas não consigo aceitar essa programação, esse ópio demoníaco. Somos bombardeados a todo instante por letreiros, propagandas, mensagens e símbolos que não expressam nada além da futilidade da massa materialista inebriante. Tudo isso sendo armazenado e acomodado em nossos cérebros, causando um verdadeiro engarrafamento de ideias, mensagens e sugestões. Não somos suicidas neste palco de massacres. Também não posso culpar ninguém de carrasco. Já nascemos condenados a uma programação, regras, dogmas e outro tanto de lixo inútil — se pelo menos fosse um lixo reciclável...

Às vezes sinto-me como um estrangeiro em uma terra distante, mas vou seguindo bravamente enveredando-me entre flores e bestas, sabendo separar o joio do trigo. Carrego comigo apenas uma peneira e vou peneirando tudo que vou absorvendo. É... Mas não foi fácil conseguir tal peneira, principalmente porque ela estava comigo o tempo todo. É difícil alcançarmos com as mãos as asas que estão atrofiadas em nossas costas. E muito mais difícil se torna quando crescemos adestrados pelo sistema que nos ensina que não podemos voar. Para conseguir enxergar minha peneira e tocar minhas asas foram necessárias diversas coisas. Contei com ajuda de importantíssimos fatores, entre eles a quebra de diversos tabus herdados e ditados pelos que estão no suposto comando. No palácio dos Egos é rei quem tem o maior rei na barriga, assim infinitamente, um devorando o outro na dança antropofágica da ignorância. Quebrar os tabus também não foi fácil. Quem disse que viver é fácil?

Realmente viver é fácil, isto quando se consegue a graça de se estar vivo, pois estar vivo é estar consciente de sua própria vida. Um robô não vive, mas sim segue um programa. Uma sociedade ventríloqua manipula ilusões, e agarrados às ilusões vão os bonecos atuando no teatro de marionetes. Eis o décimo quinto arcano do tarô. Lamentável realidade desarmônica... Porém mais lamentável ainda é estar ciente de que os próprios manipuladores são fantoches de uma força manipuladora ainda maior. Guias cegos em um tiroteio de ilusões.

O câncer social corre solto na carne abundante daqueles que são lançados ao mundo. E comer a carne é o de menos, o perigoso é o câncer de almas. O mais impressionante é que para combater este câncer, os supostos guias — cancerosos, diga-se de passagem — saem bombardeando os seres afetados com uma vasta gama de drogas, entorpecendo e não curando, maquiando o corpo morto, perfumando a carne podre. E como se fosse pouco, ainda existem as prostitutas espirituais, os lobos disfarçados de cordeiros e os mercadores que tentam comercializar o Eterno.

Agora pergunto: Será a vida um campo de batalhas? Seria algo como a bela porcaria militar que empurra garotos para morrerem como palhaços fardados por uma estúpida bandeira sem sentido e hipócrita? Não, Deus não seria tão cruel. O homem sim... Já se foi o tempo do ditador espiritual dos antigos textos, do ser vingador e egoísta das fábulas religiosas e seu exército de oprimidos. Não vamos fazer da Força Criadora um boneco em um trono, esta é a pior blasfêmia que podemos vomitar. Agora, da criatura já não posso dizer nada... Mas, estamos aqui para aprendermos, para evoluirmos. Mesmo percebendo que tantos evoluem em suas prisões doutrinárias... Só que temos que arrumar um modo de pescar, pois peixes não caem do céu direto para as nossas frigideiras. Tão pouco vai haver uma chuva de pão — ao menos que um padeiro excêntrico frete um avião para fazer uma ridícula propaganda do seu estabelecimento. Devemos plantar nosso próprio trigo. Como conseguir a vara e os grãos? Ora, você não pode ter tudo nas mãos. Se temos estas nossas ferramentas em pares é para que uma auxilie a outra. Assim é como o resto das coisas, pois a Natureza é perfeita.

Nós somos templos repletos de luz. Porque deixar que algo encubra nossa visão para que não percebamos a claridade? A peneira é para peneirar o que presta do que não presta e não para encobrir o sol da verdade. Não somos máquinas programáveis, tão pouco peças em um tabuleiro macabro,muito embora possa parecer esta a realidade. Nascemos imersos na lama, mas somos livres para sairmos quando bem entendermos. Deus nos honrou com a liberdade. Agora, enxergar essa liberdade, ai já são outros quinhentos... Geralmente parece mais fácil continuar no programa, muito mais cômodo e agradável, tendo em vista os riscos da libertação. É muita coisa posto em jogo, certo? Errado! Apenas ilusões... A verdade é universal, não pertence a nenhum dos lados, mas sim a todos. Um emprego, uma posição social, um título, uma marca? Ego engolindo ego. Irmão matando irmão. Falam tanto da bíblia e esquecem da metáfora de Caim e Abel. O que importa se o que você come é vegetal ou animal?

Para o caminho iniciático, aquele do buscador que pretende conhecer a si mesmo, são necessárias poucas coisas, sendo a principal a vontade. Basta um impulso para deslizar uma pequena bola de neve e transformá-la em uma terrível avalanche. Basta um querer. Sempre lembrando que sonhar é irmã de agir. Havendo um caminho e um horizonte existe o progresso, pois sempre após um horizonte irá haver outro. Mas, é claro, para tal aventura é necessária a coragem, a audácia de arriscar todo o seu suposto ouro.

Respirando fundo e se impulsionando para os confins do abismo do teu mais secreto ser encontrarás a coragem necessária. Tal impulso não é nada mais do que um suicídio para muitos, mas quem não arrisca morre em dúvida. Se você sobreviver ao devorador abismo, àquela conhecida mansão dos mortos, terá coragem o suficiente para encarar o espelho que também encontrarás nas perigosas trevas de tua alma. É, mas antes também terás que achar teus óculos ou retirar a venda com que te presentearam no jardim de infância. Aí sim, para conseguir a peneira vai ser mais fácil, assim como tocar suas asas atrofiadas e tentar achar um bom fisioterapeuta para elas. É aquela velha e remoída história do Templo de Delfos...

A receita é bem simples: uma viagem de ida e volta para o inferno, um par de óculos (serve um colírio), um espelho qualquer (pode ser o do banheiro) e uma peneira para separar o que presta e o que não presta para você. Ah! Claro, e um caminho...

Encantaria


Havíamos chegado ao lugar escolhido. Uma casinha humilde em meio ao verde, cercada por árvores atentas, cúmplices do sagrado. Longe do ruído nosso de cada dia e dos passos desconexos e alienados da cidade. Almas ansiosas por descortinarem os véus de si mesmas e que traziam expectativas e temores, receios e entrega.


Estava tudo pronto para a travessia. Um templo santificado por árvores, distante o bastante dos ouvidos curiosos e olhares intolerantes dos vizinhos que impregnavam o concreto. Pessoas amigas dispostas a saltar o abismo entre os mundos, mas, sobretudo amigas. A presença daquele ser tão tentador e assustador em cada átomo daquele liquido espesso e escuro, quase sangue, quase vinho.

Semanas, meses, talvez anos, preparando-nos para o encontro dos átomos, para a comunhão dos corpos sagrados. Sim, as árvores eram testemunhas. E esperávamos serenamente pelo manto da noite bordado de estrelas, meditando sob o colorido crepuscular daquele fim de dia. Os guardiões silentes nos observavam das árvores e aguardavam as crianças que decidiram saltar no abismo. Os pássaros agitados prenunciavam a noite e lembravam que para pular no espaço sem fim era necessário possuir asas e estar livre das correntes impostas pela sociedade escravocrata insaciável.


As árvores haviam cedido seus galhos para comungarem com o fogo naquele ato sagrado. Galho sobre galho preparamos aquela que seria farol e guardiã naquela noite de envultados. Aquela que aqueceria os corpos frios e que cobriria as almas estava pronta e anunciava o momento tão aguardado. Se havia a oportunidade de desistir daquilo que para muitos seria loucura, a hora era aquela, porém todos já haviam se entregado e em seus olhares podia-se ver suas almas a espiarem com ansiedade.


A noite cobria a mata e no céu a grande rainha de prata dava sinais de sua chegada. O fogo ardia crepitante e se apresentava como entidade: avisava cerimonialmente que a hora chegara. Desplanejadamente todos já estavam ao redor da fogueira, submersos no mais profundo de suas almas, dialogando com seus temores e anseios, compassados pelas batidas nervosas de corações que esperavam o mergulho no desconhecido mar incriado. O ego já tentava se agarrar à realidade, trazendo o medo na tentativa desesperada de voltar atrás naquela loucura. Mas estavam além... E não havia lugar para covardia naquelas almas sedentas por “realidade” de verdade.


Cada qual então preparou seu ser interno da forma que assim entendia, cada qual fazendo sua oração, fosse qual fosse o nome que davam à comunicação com suas centelhas sagradas, da maneira que sentiam, livres de qualquer corrente dogmática que quisesse enfileirar seus soldados para dar graças por algo balbuciando textos decorados, cada qual sabia exatamente como entrar em contato com seu “eu” sagrado. Em silencioso respeito, com a reverência necessária a esses momentos únicos, imersos em seus sacrários de carne, cada um foi recebendo em seu corpo o vinho feito do sangue da mata. A partir dali não haveria mais como voltar, a simbiose se dava e podia-se ver em cada face retorcida o gosto amargo do sangue da árvore. O sacrifício se dava e, por mais que o corpo recusasse a invasão amarga daquela seiva libertadora da alma, todos sabiam que a viagem se iniciava, embora ninguém soubesse o que encontrariam após aquele ato. E enquanto o temor utilizava os tambores de seus peitos para alarmar os “divinonautas” com seu ritmo agonizante, o desespero do desconhecido travava uma luta desenfreada com o desejo do se encontrar. Podia-se sentir aquele sangue vegetal se entrecruzando com o sangue de nossas veias, serpenteando por nossos corpos e tomando nossas mentes de um torpor desconcertante, fundindo homem e árvore sem pedir permissão e ignorando o ego que dizia não se agarrando nas bordas do aquário de nossas almas.


A esta altura a senhora da noite já se apresentava majestosamente em meio ao oceano negro salpicado de astros e mirar em seu espelho de prata era mais que hipnótico, era mirar nos olhos de uma mãe há muito esperada. E mirar suas estrelas era mais do que a inspiração de um contemplar era dar-se conta da magnificência do mar universal. Olhar para cada uma daquelas pessoas, para cada ente naquela mata era mais que confortante, bem mais que familiar, transcendendo os meros laços da carne. Invadia a cada instante um sentimento de “fazer parte”, fadando a individualidade a ser apenas um detalhe da condição humana.


E quando a bela e horrenda dama que corria como dínamo nas veias de nossas almas decidiu por levar-nos ao encontro do imensurável, o ego debatendo-se em desespero sádico, usando de todas as suas forças para agarrar-se ao humano, eis que um turbilhão caótico lançou-nos no espaço. A agonia do ego ao ver-se dissolvido, perdendo-se de si mesmo na imensidão do incriado, trazia o melhor sentido de completude com o Tudo-Nada, a real comunhão com o sagrado. Nossos corpos esquecidos, gelados, guardados apenas guardião do fogo e pelas árvores eram apenas detalhes, casas abandonadas por seus usuários. Em uma epifania fantástica podia-se sentir o quedar constante no espaço e o medo do abismo devorador tornou-se o conforto da criança por útero amparada. Nada explica o amor daquela mãe, o conforto de seus braços, a beleza de seus traços. Nada se explica nessa viagem: apenas o sentir se basta.


E ao voltar deste mundo tão extraordinariamente real, dando-se conta da ilusória passagem do que chamamos em vida de realidade, vemos o quão especial pode ser tudo se mirarmos com a mesma alma que se derreteu nos braços daquela mãe absurda e eternizada. O valor dado a cada pequena alma, a cada sagrado átomo, por saber ser de tudo parte. A alegria de poder compartilhar com aquelas pessoas, antes pessoas amadas, agora fragmentos de sua alma, bem mais que irmãos, espelhos do espírito, ancestrais companheiros que trazem consigo a familiaridade de tempos incontáveis, repletos do pó das galáxias das quais todos fomos e somos parte.


Ao despedir-se de nossas carnes, aquele ser que nos deu asas para transpor as barreiras do espaço, deixou mais do que lembranças extraordinárias de um país das fadas, instalou-se em nossas divindades em uma simbiose além-carne, transmutando-nos em seres conscientes da imensidão do infinito incriado.

passos descalços pela mente…

Primeiro momento…
    acorde sem medo


Segundo momento…
    eleve o pensamento

Terceiro momento…
    encontre em qualquer imagem um alento

Quarto momento…
    misture-se ao devir

Quinto momento…
    olhe para o mundo e pra si ao mesmo tempo

Sexto momento…
    firme-se

Sétimo momento…
    com as rédeas na mão direcione-se

Oitavo momento…
    implique ideias e conflitos

Nono momento…
    silencie-se

Décimo momento…
    esteja pronto para tudo novamente…

"Ninguém vai ao Pai (nem à Mãe) senão por si"

Extra! Extra!
 
Máquinas de carne procuram por alma! "Meu reino por uma alma!" Olhos abertos enxergam algo errado. Todos seguem uma marcha infindável, rumo ao acaso, à ociosidade de uma alienada sociedade insaciável. Dança o macaquinho ao som do realejo. Sociedade dopada, escravizada, escravocrata. Esperando a morte. Esquecendo a vida. Tentam ver deuses nas pedras, mas esquecem da vida da pedra, na beleza contida na pedra vista como ela realmente é: uma pedra.

Teima o homem querer interpretar a alma, o vento... A alma não se interpreta: se sente. E o vento alisa os cabelos. Horas e horas "adorando" a quem chamam de senhor, embora eu saiba que senhor só tem quem está na condição de escravo. Veem a divindade como algo distante, entronada, empoleirada além alma, e não conseguem enxergar a um palmo de suas caras. Esperam no futuro esquecendo a realidade. Esperam na morte uma vida de verdade. Esperam um salvador e esquecem... Esquecem que só o amor salva, e que este não é de ninguém, pois como ar preenche todas as coisas. O homem tenta controlar, rotular, apropriar, registrar, explicar... Tudo... Até o sagrado.

Ninguém alcança o Eterno, a Força Criadora, se não for por si. E teimam em querer se arrastar, teimam em querer um guia para seus passos mancos e suas vistas com catarata. Aleijados! Deus não é uma cadeira de rodas! Antes seja uma montanha russa, antes seja uma grande livre águia, antes seja o Nada... Serpente que devora a própria cauda, homem a devorar a sua alma - E a alma do mundo é nossa! Direito irrevogável. Mas querem um Messias, alguém para morrer por seus pecados, um cordeiro imolado pela covardia sadomasoquista de pervertidos fracos. Eles querem pão se multiplicando! Querem peixes ao invés de varas! Querem milagres! Querem mágica no espetáculo! E a preguiça se arrasta agarrada aos seus calcanhares. E então esperam a comida já mastigada... Antes fossem macacos, livres a pular de galho em galho, no coração da Mãe Verde, santificados por árvores. Mas bem sei que se fossem macacos prefeririam o realejo e as jaulas à liberdade. Chamariam de deuses os humanos que jogassem bananas ou pipocas por algum macaqueio engraçado. Escravos serão para sempre escravos... E quem espera para ser salvo esquece que dentro de si existe a chave. E nesse infinito espaço esquecem que o momento presente é o momento válido. Esquecem que a vida segue seu fluxo em harmonia e que impregna todo o espaço. Antes trocassem seus manuais de sobrevivência por espelhos que mostrassem as suas almas. Mas estão dopados... Macaquinhos dançando em frenesi ao som do realejo cruel dessa sociedade auto estuprada.

...

Um passo agora... uma folha caindo sem pressa nem demora

O vento vai mostrando a alma e o corpo...

O vento vai falando da vida do morto...

Marca o passo... me enfio na estrada, me perco na mata... me envolvo no luar.

E quando dou por mim... nem de casa saí... fora meu espírito a vagar...

E ainda assim o cheiro me acompanha... da relva, raizes, pegadas... abraço então o nada... e me perco no amontoado de luzes que transbordam por mim... Fazendo-me misto de susto e prazer.

Os meteoros de Andalusia…

Caminhava perto de Córdoba na fronteira com Seville. Distraidamente caminhava. Esperava ver algum transeunte ao meu lado mas estava só. Permaneci calado todo o trajeto da casa onde estava até uma região plana e seca. Não sentia frio, mas não era de fato frio. Foi quando percebi um brilho estranho que ofuscava o sol. Não era forte tal brilho, mas me chamou atenção. Foi quando compreendi que três pedras brilhantes caiam do céu. Em chamas cortavam as nuvens indo em direção ao solo. Em instantes explodiram ao longe. Eu, talvez o único expectador de tamanha beleza me assustei no último instante com o estrondo gigantesco. Não tive reação a não ser correr para ver de perto o que era de fato aquilo. Corri muito para me aproximar. Parei algumas vezes para pegar fôlego e chegar vivo ao lugar. Alguns minutos depois estava eu diante de três grandes rochas em chamas. Brilhavam estranhamente por ter incrustada nelas cristais dos mais variados.

Foi assim que senti no peito um medo louco que me fazia querer sair dali. Impulsionava-me mas eu não conseguia. Estava estático. Uma das rochas então rachou lentamente. As partes caiam em meio às labaredas. O brilho de tudo aquilo me ofuscava, mas eu não parava de olhar. E de dentro junto com as chamas que titubeavam vi um olhar. Percebi um alguém ali a se levantar. Primeiro parecia um bebê. Ao colocar um dos pés firmes para se levantar já parecia um garoto. Quando já de pé era um adulto perfeito. Brilhava, e como brilhava. Seus cabelos crescidos balançavam entre o vento e o fogo, mas não se destruíam. Ele deu um passo para frente olhando-me. Nessa ocasião já era mais velho do que eu. Alguns poucos anos. Quando deu o seu segundo passo, bem mais firme que o anterior, ele já demonstrava ter rugas em seu rosto e alguns fios de cabelo já eram brancos. Andou mais um passo levantando a mão para mim como se apontasse algo além de meu corpo. Nesse instante vi seus cabelos caindo aos poucos com o vento. Ele abriu a boca buscando as palavras certas para dizer. Sua pele enrugada da idade já demonstrava tanta sabedoria. Foi assim que ele pronunciou as únicas palavras de sua vida inteira. Vida que transcorreu em segundos. “Eu sou aquele que é… e vim perguntar quem é você…” Antes mesmo que eu o respondesse recuou um passo e olhou para o céu. Dava pra ver o rastro ainda da fumaça. Dava pra ver as nuvens rasgadas ainda no céu. De um lado o azul do dia… nas marcas das nuvens as estrelas da noite… no horizonte o sol indo embora e por perto a lua, minha amiga. “lindo… tudo muito lindo. Você que fez?” Abri a boca pra responder e ele já muito idoso caiu de joelhos e morreu… sendo levado como poeira pelo vento. Dissolvendo-se como se nunca tivesse estado ali. E quando percebi não falei nada pra ele. A palavra que me vinha como resposta estava travada na mente… não queria ser dita… foi assim que lacrimejando voltei a olhar tudo ao redor… e sem querer balbuciei… “é… talvez tenha sido eu… talvez tenha sido… você”.

a chuva me distrai…


abri meus olhos hoje e fui bombardeado de sincronicidades. Ontem antes de flutuar para o distante mundo dos sonhos fiz uma prece como há tempos não fazia e vinculei minha vontade a detalhes de mim que desejo ver mudados. Foi assim que um amigo meu me ligou hoje falando de textos e blogs para participar. Quem sabe?!… desliguei o telefone e comentei meu sonho com minha mãe que ficou calada.

no embalo da dança…

 
Sentia-me aturdido a tão pouco tempo atrás com as direções que minha vida tomava. Vendo-me solitário na maior parte do tempo acreditava que o melhor era seguir adiante sem pensar nisso. Mas os dias foram indo, e indo, até um dado instante quando encontrei um outro alguém, que se interessava por mim e que me fez interessar-me por ela… Nada estranho, nada errado… compactuei com o acaso de nossos olhares e fluí calmamente permanecendo parte deste encontro…

Blog móvel… Zzurto móvel

 

Só por desencargo de consciência… ativei a função que adapta o blog aos moldes dos telefones, tablets e etc e tal… e se observarem bem… na coluna à direita no final dela tem um QR CODE… pra tornar o acesso ao blog por tais aparelhos bem mais rápido…

 

Abraços a todos

 

S.O.Q.C.

Meu corpo… meu atanor…

 
Os hábitos diários conjugam um passo importante.
Diante do espelho dos nossos atos sentimos o peso do nosso pensamento.
O corpo segue linhas incrustadas nesse tempo, transeunte implícito na percepção.
É quando escuto um amigo falando que medita, após algumas conversas nossas… e implico comigo apontando os meus erros.
E se pensarmos em medidas… qual delas se aplica a intensidade contida numa aceitação? Qual sua constante? Ela sofre atrito, aceleração… é divisível… permutável?
O que percebo é que o espelho sofre com essa fleuma excretada pelos fatos… e em suas manchas se esconde a razão da culpa…
E esse mesmo espelho configura-se como uma porta, fina e parcialmente translúcida dependendo de como a encaramos. Discretamente re-velando tudo o que já sabemos…
Assim cai no Diário em letras trêmulas… miúdas… que a implicância é um primeiro estágio para mudança.
…impliquemos então.

Vejo um caminho…

trees
Vejo um caminho repleto de árvores. Diametralmente opostas, seguindo o traçado tortuoso da estrada, não me sinto só. Vejo uma pedra lançada pelo tempo. Vejo um musgo qualquer se confundindo com todos os outros, que não são outros, são o mesmo musgo verde e húmido. Vejo cascas solitárias de árvores já não mais existentes. Sinto o asfato nos pés descalços. Vejo as cores usadas, as britas encrustradas no piche já ceco. Marco o passo e respiro um ar vindo dos dinossauros… intacto e puro. Percebo formigas e besouros mil a passearem entre si, sem se importarem uns com os outros. Sinto o calor vindo das ondas solares enquanto vejo as nuvens formarem minhas ânsias. E no passar do tempo, incalto continuo.

II Simpósio Brasileiro de Hermetismo e Ciências Ocultas


 


Bem… o nome fala por si só! Para todos aqueles que se interessam no assunto e/ou praticam ai está uma boa oportunidade. Lá estarão: Frater Goya; Edmundo Pellizzari; Marcelo Del Debbio; Alexandre Cumino; Adriano Camargo Monteiro; Aluísio Berezowsk; Fernando Maiorino; Carlos Brasílio Conte; Renan Romão; Mario Alves da Silva Filho; André Luporini Dessimoni; Gilberto Antônio Silva e Márcio Lupion como palestrantes. Mais informações abaixo:

PROGRAMAÇÃO
23/jun/2011
08:30 – 08:50 – Abertura Oficial
08:50 – 10:50 – Astrologia Hermética – Marcelo Del Debbio
11:00 – 12:45 – Umbanda, Xamanismo e Magia – Alexandre Cumino
12:45 – 14:00 – Almoço
14:00 – 16:00 – O Tarot de Crowley e a Magia Sexual Thelemica – Frater Goya
16:00 – 16:30 – Coffe Break
16:30 – 18:00 – Magia no Islamismo – Mário Alves da Silva Filho
18:00 – 20:00 – Xamanismo: O Arquétipo do Animal de Poder – Fernando Maiorino
20:00 – Jantar de Confraternização
24/jun/2011
09:00-11:00 – Arquitetura Sagrada: Simbologia, Geometria e o Ser – Márcio Lupion
11:10 – 12:40 – I Ching, do Xamanismo ao Computador – Gilberto Antônio Silva
12:40 – 13:50 – Almoço
13:50 – 15:50 – Magia Egípcia: O Novo Equinócio dos Deuses – Frater Goya
15:50 – 16:10 – Coffe Break
16:10 – 18:10 – Escolas iniciáticas da Kabbalah: Judaica, Cristã, Hermética, Maçônica e Mágica – Edmundo Pellizzari
18:15 – 20:15 – Mesa Redonda – O lado místico das religiões: Sufismo, Hinduismo, Cristianismo e Judaísmo
25/jun/2011
09:00 – 11:00 – A Felicidade segundo a ótica da Magia Cerimonial – André Calladan
11:10 – 12:45 – Magia do Budismo Esotérico – Renan Romão
12:45 – 14:00 – Almoço
14:00 – 14:55 – Visão da Teosofia sobre os 7 raios – Carlos B. Conte
15:00 – 16:00 – As 7 raças humanas – Carlos B. Conte
16:00 – 16:30 – Coffe Break
16:30 – 18:00 – LHP – O Caminho da Mão Esquerda – Adriano Camargo
18:00 – 19:30 – Projeção Astral – Lázaro Freire

PALESTRANTES:
Adriano Camargo – Autor do “Sistemagia” e “Cabala Draconiana”, membro da Dragon Rouge e um dos pouquíssimos caras sérios em LHP no Brasil.
Alexandre Cumino – autor de “A História da Umbanda” e editor do “Jornal da Umbanda Sagrada”. Um dos sacerdotes mais respeitados no Brasil.
Carlos Basílio Conte – Membro da Sociedade Teosófica e Secretário de Cultura da Maçonaria, autor dos livros: “Magia Cerimonial” e “Pitagoras- Ciencia e Magia na Antiga Grecia”.
Edmundo Pellizzari – Prof. Edmundo Pellizzari é teologo (BD, BTh, OCR) com formação em estudos biblicos e judaicos. Durante trinta anos estudou a Mistica Judaica (Kabalah) em institutos internacionais e com mestres tradicionais. E membro da Order of Corporate Reunion, da Order of Christian Renewal e da Apostolic Church of the Divine Mysteries.
Fernando Maiorino – Fundador e Presidente da Associação Educacional Sírius-Gaia (AESG). Orientador Espiritual em Umbanda Natural, vertente filosófica trazida por seus Guias Espirituais há uma década.
Frater Goya – Mais conhecido nos meios internéticos, é o fundador do Círculo Iniciático de Hermes (CIH). Já postei entrevistas com ele.
Gilberto Antônio Silva – Estudioso de filosofias e culturas orientais desde 1977, pesquisou e analisou com profundidade a cultura e o modo de pensar oriental, especialmente o Taoísmo. É atual Coordenador Editorial da revista Medicina Chinesa Brasil e Editor-responsável do jornal Saúde & Longevidade.
Marcelo Del Debbio – Arquiteto com especializações em Semiótica, História da Arte e História das Religiões Comparadas. Autor da Enciclopédia de Mitologia e coordena o blog “Teoria da Conspiração” e o Projeto Mayhem. É autor da Wikipedia de Ocultismo, com cerca de 5.000 verbetes.
Márcio Lupion – Discipulo da Maha Yoga Chegada ao Ramana Ashram do Brasil Swami Sri Maha Krishna – Aprende as 4 yogas, Bakti, Raja, Jnana e Karma Yoga. Iniciado no budismo tibetano com Chagdud Tulku Rinpoche, Templo Odsal Ling, São Paulo, SP.
Mário Alves da Silva Filho – Pratica e estuda o Sufismo ha mais de 15 anos, tendo sido membro das seguintes Ordens Sufis (Turuq): Attasiyya (foi o representante – Muqadam – para o Brasil), Khalwatiyya al-Jerahiyya e Ahmadiyya at-Tijaniyya (é membro desta atualmente). Viajou pela Turquia, Irã, Iraque e Arábia Saudita entrando em contato com diversos Shaykhs da Tradição do Tasawwuf (Sufismo), aprendendo com eles. Dirige o Centro de Estudos Filosóficos e Espirituais Caminho do Oriente (CEFECO). É membro do Grupo de Pesquisas CERAL- Centro de Estudo de Religiões Alternativas de Origem Oriental, Setor de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP.
Renan Romão – Graduando em Psicologia e Letras (FFLCH-USP), estuda Magia e Misticismo atraves de diversas tradicoes ocidentais e orientais sob a luz do Iluminismo Cientifico. Maçom, membro da ARLS “Estrela do Brasil” n°4321 GOB/GOSP, representante do CALEN/SP e membro-fundador da Confraria de Estudos Antigos.

Informações e inscrições: http://www.simposiohermetismo.com.br
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Abraço a todos

E bom Simpósio.

S.O.Q.C.

Oráculos… a ação oracular…


No início, devido a todas informações que temos acerca de nossa própria história fica fácil imaginar um ser humano desejoso pelo saber profético do destino. O mundo ao seu redor castrava suas ações se este não fosse um eximio desbravador, e saber portanto o “futuro” com toda a certeza era de grande valia como ainda hoje se demonstra ser. Mas o que se esconde no ato de prever?

Pensar em previsão requer que estejamos abertos a certos pontos como destino, imagem primária da ação – que se dá o nome de Clichê Astral – e a condição natural ou desenvolvida no indivíduo de captar e processar tal informação.

olha e vê

 
Dentro de todas as vertentes espirituais, esotéricas, místicas, ocultistas que já me envolvi e até mesmo as religiosas das quais fiz parte o que mais aprendi foi a ver. Parar um momento que seja e calar-me ao ponto de poder escutar de fato a vida ao redor foi e é a habilidade mais nobre que desenvolvi. Para deixar claro como isso foi desenvolvido, basta dar uma passada rápida pelo blog para entender quais coisas me envolveram em todos esses anos.

E é por intermédio dessa posição que me coloquei que percebi os “ventos do norte” mudando de direção. Outros talvez utilizem outros termos, mas sinto que um humor geral vem mutando-se ao longo desses últimos dias. Não é um fato que um cético não consiga perceber. Todos nós vemos no literal da vida os rumos estranhos que estamos tomando. E enquanto tudo parece mudar, estranhamente continuam no mesmo lugar.

Acúmulo de si mesmo…

Corro, passo o  olhar ao redor. Recorro ao improviso que me assola o espírito. Permito ao espaço alargar-se ao infinito e ainda me vejo. Percorro os lugares que nunca fui, observo os detalhes dos mesmos e me afobo com olhar que me persegue… o meu olhar.

Acariciar as entranhas do universo requer um desapego quase inumano, desumano por assim dizer. Requer um fechar das pálpebras internas ao que acumulamos de nós o tempo inteiro. E esse acumular nos afoga enquanto parece nos afagar. clip_image001

Os dias se passam sem que compreendamos um detalhe absurdo para a razão: o saber sobre si, conhecer acerca do nosso eu é um preâmbulo para um estado incompatível em nosso mundo atual, que é o deixar-se de lado, que é o esquecer sobre si.

A pergunta que advenha desta afirmação é: e o conhecimento de si mesmo para que de fato serve?

Conhecer sobre si inicialmente lhe trará inúmeras afirmações acerca dos seus sentimentos para com familiares, amigos, amantes; das suas proficiências tecnicistas; das suas aptidões artísticas; das suas qualidades críticas; dos seus espaços cheios de algo a acumular-se e consequentemente de características típicas de um ser individual e faminto por mais e mais detalhes. Sendo assim, o substrato disso é o que chamamos indivíduo. O social aceita isso e o instiga… o moral critica e determina… o científico exemplifica questionando e enquadrando… o religioso julga dogmatizando.

Esse processo em suma é necessário e sempre será, visto que para manusearmos algo é necessário que saibamos antes o que é e para que serve, ou a que se refere. Sendo assim o conhecer acerca de si mesmo é em suma a primeira tarefa, pois não há como vencer algo que não compreendemos.

Pensando assim imaginemos um determinado indivíduo que já tenha alcançado esse conhecimento racional sobre si, mas ainda básico. Consegue claramente determinar seus gostos e suas qualidades com total facilidade. Por uma razão qualquer esse individuo busca ou alcança um estado intensificado de consciência, alcançando-o por meio de alguma prática mantrica, de meditação ou mesmo de uma planta de poder. Nesseclip_image002 exato momento acontece um curto circuito no mesmo. O ato aparentemente inofensivo causa-lhe náuseas. Um conflito existencial se apresenta no mesmo instante, visto que tais práticas elevam ou tentam elevar sua consciência a um novo ponto dele mesmo. E o que se construiu sobre si até então tornar-se-á obsoleto?  A sensação talvez lhe cause exatamente isso, mas isso em si não é real. Começa então a se permitir que se some mais e mais detalhes acerca dessa estranha individualidade. Compreendendo e aceitando, ato que aos poucos o torna cada vez menos o que era. Esse é um ponto crucial numa busca pelo real autoconhecimento. É quando se começa a ver-se e encarar-se pela primeira vez de fato. Se apercebe então que boa parte do que se acreditava já não é assim tão rígido. Se apercebe que boa parte das coisas que se afirmava sobre si não são tão válidas assim. O seu Eu começa então a sofrer uma mudança significativa e muito do de antes é reciclado.

Esse mesmo indivíduo então passa a conceber-se outro bem mais além do lugar de outrora. Mas isso ainda não consiste num autoconhecimento factual. Ainda há coisas a se perceber e principalmente agora quando se deu a possibilidade de avançar é que mais se compreende isso. Ele sente-se maior do que consegue ver, ele admite-se maior e busca.

Admitamos que por meio disto ele volte a buscar as experiências de outrora para assim voltar a se ver, voltar a se encontrar e assim poder acumular mais e mais detalhes a seu respeito. Vamos dizer que em meio a leituras variadas ele acumule ferramentas para avaliar, analisar aspectos e qualidades sobre si. Consegue assim digerir, processar muito mais informação a seu respeito que antes estava escondido, disfarçado em mecânicas massificadas. Ele então passa grandes períodos numa conjectura que lhe trás por fim conclusões e finalizações. Muitas das coisas de antes acabam agora completamente novas. Ele de fato não é mais o mesmo. Paradoxalmente ele de fato não é mais.

Esse processo como um todo não segue necessariamente essa estrutura, claro. Não evolui como linha reta e muito menos será igual para todos. Muitos de nós não estamos tão disponíveis para esse conhecer real e ficam na primeira etapa, onde conclusões racionalmente típicas estão de bom tamanho, já que servem muito bem para o meio em que vivemos. No entanto para esses outros insatisfeitos de fato há um desafio enorme se apresentando. Chega-se portanto no ponto crucial desse autoconhecimento que são as definições especulativas acerca de um todo ainda muito maior. O caminho não parece mais ter fim. Somos invadidos por um temor do infinito que assusta. Mas ai se encontra uma contradição.

Infinito em suma é algo sem dimensionalidade exata. Está além de uma mera métrica. Poderia ser encarado como “o espaço” tratado num post anterior.

O que acumulamos sobre nós é particularmente restrito. Está definido entre dois pontos por assim dizer. Faz parte do mundo dos “objetos” e é o que limita o espaço, ou o infinito.

O receio de encarar esse caminho que não tem fim apresenta-se primeiramente pela grande dificuldade de largar as definições que se conquistou sobre si. Os “objetos” que acumulamos são em suma a trava que nos freia. Colocar-se no ponto da sublimação destes mesmos objetos para encarar o espaço que há de fato em nós requer extrema gana e garra. E muitas vezes uma porta visualizada trancada quer dizer mais do que um simples devaneio.

Os sonhos portanto entram em profusão e expelem constantemente dicas acerca de nosso universo interior. Demonstram situações e reações das quais não compreendemos por completo. Há um pedido e um chamado ai, e tolo daquele que virar a cabeça e desistir de entender.

Provavelmente surgirá em sua mente uma dúvida de como tais imagens mentais são capazes de interferir no reino das causas segundas, ou em outras palavras no dia a dia. Na verdade não são as imagens que valem de fato, mas o que se esconde por trás delas. Decifrá-las é um desafio e tanto… extremamente recompensador.

Para invadir o reino interno precisamos antes de mais nada compreendermos certas estruturas que parecem definir o homem já a um bom tempo. Existem uma estrutura muito sensata acerca do homem que está abaixo:

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Essa divisão demonstra que há no indivíduo uma mecânica simples de compreender, mas que na prática demonstra ser mais trabalhosa. O indivíduo enquanto acordado normalmente se encontra em Ruach. Todas suas mecânicas habituais estão ai e se processam ai. Em Nephesh encontramos as várias defesas do inconsciente que impedem que determinadas informações vaguem ao ermo ou que a alcancemos sem preparo. Isso pode parecer ruim, mas no fundo não é. Para alcançar tais informações precisamos de uma mente clara e muita vontade. Precisamos destronar Nephesh para abrirmos as portas de Neshamah e assim entrarmos em contato de fato com o que somos realmente.

O inconsciente inferior está mais presente do que pensamos. Ele está num preconceito tolo que temos, numa trava que nos impede de agirmos, num significado que está além do que o outro de fato quer passar. Destroná-lo é um ato de retirar-lhe o direito sobre o que vem e o que não vem à mente e em nenhum momento significa destruição do mesmo. Ele nunca será aniquilado e nem deve ser visto como inimigo e sim como um passo necessário. 

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Superando Nephesh invadimos portanto um universo de fato ilimitado. Há ainda divisões de Neshamah – acima - que demonstram de forma simples que alguma vezes nos deparamos com ela sem percebermos. Isso ocorre por que estamos em contato com o inconsciente superior mediado pelas travas do inconsciente inferior. Muitas vezes tais travas não impedem de fato e somos invadidos por uma energia nova.

O autoconhecimento portanto trás para o indivíduo resoluções acerca dos objetos que por intermédio de Nephesh não tomamos conhecimento. Ao acumularmos tais resoluções cada vez mais teremos menos coisas a nos preocupar, mesmo que em determinado momento tais coisas ainda voltem à mente, desta vez não terão a mesma intensidade e passaremos por elas como se nem existissem mais. Mas no fundo existem e permanecerão se encararmos sempre que os objetos são o importante de fato. Esse engano é natural, visto que passamos a vida inteira acumulando tais objetos, acumulando cada vez mais objetos, entupindo os ambientes de nossa casa, e impedindo como as paredes impedem, de ver que o espaço é o único importante. Quando formos tomados pela imensidão do espaço sem que de fato os objetos nos impeçam de ver além seremos portanto livres e poderemos realmente acreditar que alcançamos o autoconhecimento. Seremos menos instáveis, menos controversos, menos iludidos, menos preconceituosos, a menos que desejemos tais coisas por nós mesmos, mas isso é uma outra história sobre vontade que tratarei posteriormente.

Intento (?)

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele" (João 1:1-3).

No trabalho de si para si, como começar? Vejo muitos desejando processos dos mais variados e poucos admitindo ter algum sucesso válido. O caminho que se abre para o indivíduo não está definido e acredito que nunca estará. A cada passo que damos percebemos que não temos uma reta como normalmente desejamos e sim um aglomerado de curvas e voltas… destas que estimulam a desistência.

Agora a pouco li um post de um blog que acompanho: Pistas do Caminho, e me apercebi de algumas coisas por pensar justamente nas voltas e voltas que damos, ou como o mesmo falou, na situação de achar que só sair de um quarto para outro vão é conhecer de fato… entretanto ainda há a necessidade de sair da casa e começar a viver realmente.

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.” aforismo alquímico

janela Estava lendo algumas coisas no Mayhem quando me deparei com uma resposta que me levou a querer escrever. Em meio ao tema como um todo em um dos posts que estamos desenvolvendo por lá coloquei a questão que precisamos nos conhecer antes de buscarmos coisas além. Mas como nos conhecer? Olhar no espelho já deveria ser suficiente? O enigma da esfinge se referia ao homem como um todo, ou ao indivíduo diante dele mesmo? E quantas das pedras que topamos valem à pena serem levadas em consideração?

Não chegaremos a nenhuma destas respostas se não entendermos que o primeiro passo é de fato um dos mais importantes. Olhar para si requer muita coragem e vontade. O nosso universo ocidental não nos ensina a olharmos para nós mesmos, ensina a buscarmos subterfúgios quando não desejamos conflito. E não desejamos os conflitos, acredito eu, por não termos coragem de mudar. Mudar é um termo pesado se pensarmos que tudo na nossa vida se segura naquilo que mantemos em nós. Todos os amigos, familiares, deveres e direitos estão intimamente relacionados ao que acreditamos de nós mesmos, mesmo que isso seja mera ilusão. O universo não tem tempo para avaliar o que é de fato real ou não se não nos dispusermos a dialogarmos com ele… no entanto o que falaremos de nós mesmos? O normal é falarmos o que conhecemos… e assim a pergunta volta ao mesmo ponto. E virão vários momentos em que seremos forçados a pensar nisso, independente do nosso desejo. Seremos colocados contra a parede, seja por amigos ou familiares. Qual resposta teremos nesses momentos?

Ao longo dos meus estudos percebi que o que eu mais conseguia não era ver ou controlar coisas fora de mim, mas sim ver e controlar coisas dentro de mim, dentro do meu universo particular. Tudo o que fiz, mesmo que meu desejo fosse o externo, me fazia avançar por dentro e isso era aterrorizante visto que os demônios quando não os encaramos correm soltos atrás dos cantos escuros e escusos para mais cedo ou mais tarde enlaçar-nos em dúvidas nos impedindo de avançarmos mais… já que crescer nesse sentido é morte certa para eles. Mas cuidado com o termo demônio, ao utilizá-lo aqui não me refiro ao inimigo de D’us pelo cristianismo e sim a uma força tão necessária como qualquer outra no universo.

Sendo assim quantas vezes você de fato abriu a porta interna e correu os vãos da sua casa? Quantas vezes você conseguiu distinguir o que é e o que não é seu nos vãos percorridos. E tal bagunça em um determinado canto, o que lhe sugere e o que significa de fato? Um dia lendo coisas sobre psicologia me deparei com a mesma alegoria do texto citado acima. Dizia que nosso universo é como uma casa. Toda fechada com janelas e portas trancadas. Em determinadas circunstâncias no12-Major-Hangeds apercebemos de uma fumaça tal que não sabemos de onde vem e tentamos normalmente impedi-la de ir até onde estamos. Mas como toda fumaça passa pelas portas como se não existisse de fato um empecilho no caminho e nos alcança. Assim corremos para outros vãos da casa, no intuito de não sofrermos… passa o tempo e lá está de volta a fumaça. Mas como vencê-la? Fugir nunca foi e nunca será uma forma de resolver um problema, mesmo que sintamos na pele a “sensação de morte”. O único meio para aplacar a fumaça é portanto ir até onde se encontra o fogo, a fonte. Mas para isso precisamos percorrer os vãos da casa, e voltamos ao mesmo paradigma. Por quanto tempo sofreremos calados somente por não admitirmos que se não fizermos isso nada em nossa vida será de fato valioso. E ironia ou não o ato de fugir, nos força inconscientemente a irmos justamente aos lugares que não desejamos. Mas como admitir o que vemos se nunca nos demos o direito de fazer isso com a mente livre do medo.

Acredito que de pra perceber que não há saída para isso. Sempre em nossas vidas seremos jogados de  encontro com o que somos ou com o que nos tornamos… e isso é muito simples de perceber o porquê. Sejamos sensatos e sinceros conosco quando o assunto é ser. Assumir algo interno requer sacrifícios e os mesmos requerem que sejamos verdadeiros. Não sairemos da forca enquanto encaramos que a estrada é que está errada…

meditação…

autoconsciência…

esse termo ficou na minha mente vendo um vídeo sobre a vida do Buda Siddhārtha Gautama. Observando a história me apercebi dos nomes das práticas e achei interessante pesquisar e falar a respeito. 25882175

Um dos estágios citados no vídeo é o estado Jana… é um estado de bem estar e felicidade. E pesquisando aqui encontrei  o seguinte: A maior parte do nosso sofrimento vem da actividade pensante habitual. Se tentamos pará-la por termos aversão a pensar, não conseguimos, simplesmente continuamos e continuamos pensando. Então o importante não é vermo-nos livres do pensamento, mas compreendê-lo. E nós fazemos isto através da concentração no espaço existente na mente em vez de nos concentrarmos nos pensamentos.(…)Os janas ajudam a desenvolver a mente. Cada jana é um refinamento da consciência e, como um conjunto, eles ensinam-nos a concentrar a nossa atenção em objectos cada vez mais refinados. Através da plena atenção e da reflexão, não plena vontade, tornamo-nos bastante conscientes da qualidade e do resultado daquilo que estamos a fazer. Quando se pratica um jana após o outro, desenvolvemos a habilidade de manter a atenção em objectos cada vez mais refinados. Desenvolvemos grande habilidade nesta prática e experimentamos a graça que vem da absorção em estados cada vez mais refinados de consciência.

Ao meditar de forma correta podemos desenvolver em nós perspectivas e condições interessantes. E acredito que meditação é percebida de forma muito incorreta por nós ocidentais. Em um livro – O livro Orange – de Osho, em determinada parte ele fala que o ato de meditar é o ato de fazer nada. Isso provavelmente complica mais do que ajuda, visto que nós nos dedicamos muito justamente para impedir o nada. O pensamento não para e não sabemos lidar com ele de forma produtiva o que leva ao dhukka - sofrimento. Livrar-se do sofrimento não significa ficarmos apáticos à realidade, significa pararmos o desejo. meditation O desejo e a expectativa é o cerne de quase todos os nossos sofrimentos diante da vida, visto que se idealizamos indiscriminadamente provavelmente boa parte disso não ocorrerá, e se ocorrer não será idêntica à idealização. Essa expectativa diante das coisas nos prende e infelizmente nos direciona. Contudo é a partir do ato de observar todo o espaço envolvido ao pensamento que poderemos ter real idéia dele e do que ele interfere nas nossas vidas. E chegamos ao que se chama contemplação. Ato simples de olhar, ver, sentir tudo sem nos atermos aos significados dos mesmos… o que importa é o espaço e não o que nele se encontra, e como está no texto esse espaço é finito justamente por causa da nossa constante atenção aos objetos e não ao espaço em si. Se observarem o espaço é limitado pelas coisas. E perceber o espaço é em si um ato de escutar o silêncio. Termo que encontrei no mesmo texto citado acima. Ao perceber o espaço vago entre as palavras percebemos que o pensamento cessa. “Concentrando-nos no espaço entre os pensamentos passamos a ser menos apanhados nas nossas preferências no que diz respeito aos pensamentos. Então, se notarem que um pensamento de culpa, auto-compaixão ou paixão continua a surgir, podem trabalhar com isso desta forma – pensando nisso deliberadamente, trazendo-o realmente a um estado consciente e notando o espaço à sua volta.” Essa é uma atitude inteligente diante das coisas.Philosopher in Meditation

No entanto como meditar? No mesmo livro citado existem só roteiros para que compreendamos que aonde quisermos  conseguiremos, mas alguns detalhes são importantes: olhos semicerrados, corpo relaxado e bem equilibrado, procurar não ficar deitado para que a meditação não vire cochilo, procurar não meditar com o estômago cheio de comida, procurar lugares onde você não será atrapalhado durante o ato, mesmo que o mesmo só dure alguns poucos minutos. limpar a mente ou o desejo, e permitir-se contemplar, ver sem pré-conceitos tudo o que há no instante.

Para mim a meditação esteve presente boa parte de minha vida, e auxiliou principalmente no que diz respeito ao conhecimento de mim enquanto indivíduo. Transitei entre a pura e simples contemplação para a visualização, e com o tempo distanciei-me naturalmente do ato por simplesmente não encontrar “momento” propício. O que mais percebi fora a alteração de humor e bem estar. Tinha muito mais disposição e mais calma diante das coisas, principalmente quando naturalmente aprendi a respeitar o pensamento, e fora nesses momentos em que soube lidar com a vida de forma mais produtiva.

clown_image_400_w Mas não adianta simplesmente absorver idéias… o mais importante é deixar-se meditar. Viver o ato… é dar um presente a si mesmo, visto que no momento em que o pensamento cessa… até o simples ato de respirar é prazeroso.

Mais um link sobre o assunto e com mais detalhes.

Centro de estudos budistas – Bodisatva

De tempos em tempos vemos pessoas e mais pessoas interessando-se e desinteressando-se por temas de cunho espiritual. Aglomerando informações das mais variadas, vão de nicho em nicho absorvendo o que lhe apetecem. Catam daqui, catam de lá e no passar dos dias tornam-se enciclopédias ambulantes de trechos e mais trechos daquilo que deveria funcionar como um capacitador, ou melhor, um dinamizador de consciência. E muitas vezes em meio à complexidade da mesma elas se sentem sem rumo, sem norte ou sul, sem qualquer perspectiva real do que isso de fato é. E constantemente escutamos as mesmas pessoas se voltarem contra e deflagrarem um grande insulto a tudo isso, sem perceber que no fundo todo o erro está no que parecia ser o mais sensato até então… o tal conhecer.
Hoje me deparei com uma frase de Gurdjieff: "um homem só conhece quando ele próprio é esse conhecimento" e isso rapidamente me remeteu a tantas e tantas conversas e discussões que tive com amigos próximos. Desses bons amigos que tem mais do que um sim ou um não como resposta. E isso me transmitiu um sentir pesaroso diante de tanto tempo perdido em meio a tanta falta de bom senso que tantos “buscadores” desperdiçam junto com suas próprias vidas sem saber o gosto do real de suas buscas…
Bem… O ato da pesquisa é e sempre será o mesmo: acumular. Logo após vem a avaliação do conhecimento pesquisado que necessitará claramente de uma base mínima dependendo do quão profundo você está na questão estudada. Isso requer, mais do que tempo, de muita boa vontade. Com o passar do mesmo passaremos para o ponto onde essa digestão por si só trará as vias típicas do conhecimento à tona. Isso em si é o início do processo. Assim você terá opções para seguir adiante com o pensamento, o que não significa que o mesmo já esteja claro de fato. Nesse ínterim, o indivíduo como um todo absorvendo do mesmo saber e difundindo o mesmo através de sua própria análise sofrerá a co-participação deste mesmo saber em seu dia a dia, visto que tudo aquilo que aceitamos ao compreender embrenha-se no ser que age, por natureza da guarda baixa. Com o tempo e uma boa dose de força de vontade o mesmo conhecimento deixa de ser algo alheio a você e torna-se parte do todo que é você. Mas isso não é tão fácil como possa parecer tendo em vista que se o mesmo conhecimento é justamente oposto a sua própria postura, o processo será então mais doloroso e o-astro_340provavelmente nem termine, no sentido exposto acima.
Tendo em vista todo esse peculiar processo o que de fato essas tais pessoas querem ao despejarem para dentro de suas mentes tanta informação desencontrada, mesmo que acerca do mesmo assunto? O que elas anseiam de fato é o saber pelo saber, ou pelo molde pressuposto que isso fatalmente acarretará?  Há uma busca real ou uma ânsia desmedida por aquilo que se diz ser algo valioso?
Responder essas perguntas aqui não é o intento e sim despertar um pouco da nossa autocrítica que a muito anda se arrastando, visto que o processo de desistência da “cadeira opcional” é o mesmo de sempre. Todos esses tantos buscadores que não saem de seus livros de história, padre-e-pastor-debateou não abrem nem ao menos a porta de casa para respirar tal pensamento são assim piores do que os tais religiosos fervorosos  (os primeiros a serem criticados pelos mesmos) que não enxergam um palmo além do que acham saber. E assim além do tempo perdido e vidas perdidas, os mesmos teimam em perpetuar a ignorância do ato divulgando aquilo do qual não têm conhecimento pleno. E tantos outros caem na mesma armadilha, necessária em partes, vil em outras. E o que poderia culminar em mudança de fato gera a mesma estupidez de sempre. Seres aprisionados pelo medo e a servidão às regras desmedidas e meias compreensões. 
No entanto volta à pergunta que ainda não foi proferida: mas como vir a ser o próprio conhecimento? Não diria que meu diagrama logo acima é infalível, mas parece razoável. Ler, portanto, é uma parte do todo, como o refletir, como o discutir sobre, como o criticar, como o modelar… como o aceitar ou rejeitar… e logo após o abandonar-se para tornar-se um outro “mesmo”. E sendo assim o tal conhecimento não será mais posto a prova, visto que é desnecessário avaliarmos o ato de andar se já andamos há tanto tempo. Consequentemente mais a frente estaremos aptos a absorver qualquer outra informação pertinente, estaremos aptos a transcender um novo horizonte, sempre com a ressalva de que tornar-se o conhecimento não significa abandonar o bom-senso. Na verdade é tudo um só processo, observado aqui nas suas partes mais bobas.
E que seja assim, esse discurso, um pedido discreto a esse cuidado com o que entra e se fixa na mente… sejam palavras… sejam ações… sejam idéias… sejam regras… etc., pois o que sairá logo após será de plena responsabilidade sua… de mais ninguém.