"Ninguém vai ao Pai (nem à Mãe) senão por si"

Extra! Extra!
 
Máquinas de carne procuram por alma! "Meu reino por uma alma!" Olhos abertos enxergam algo errado. Todos seguem uma marcha infindável, rumo ao acaso, à ociosidade de uma alienada sociedade insaciável. Dança o macaquinho ao som do realejo. Sociedade dopada, escravizada, escravocrata. Esperando a morte. Esquecendo a vida. Tentam ver deuses nas pedras, mas esquecem da vida da pedra, na beleza contida na pedra vista como ela realmente é: uma pedra.

Teima o homem querer interpretar a alma, o vento... A alma não se interpreta: se sente. E o vento alisa os cabelos. Horas e horas "adorando" a quem chamam de senhor, embora eu saiba que senhor só tem quem está na condição de escravo. Veem a divindade como algo distante, entronada, empoleirada além alma, e não conseguem enxergar a um palmo de suas caras. Esperam no futuro esquecendo a realidade. Esperam na morte uma vida de verdade. Esperam um salvador e esquecem... Esquecem que só o amor salva, e que este não é de ninguém, pois como ar preenche todas as coisas. O homem tenta controlar, rotular, apropriar, registrar, explicar... Tudo... Até o sagrado.

Ninguém alcança o Eterno, a Força Criadora, se não for por si. E teimam em querer se arrastar, teimam em querer um guia para seus passos mancos e suas vistas com catarata. Aleijados! Deus não é uma cadeira de rodas! Antes seja uma montanha russa, antes seja uma grande livre águia, antes seja o Nada... Serpente que devora a própria cauda, homem a devorar a sua alma - E a alma do mundo é nossa! Direito irrevogável. Mas querem um Messias, alguém para morrer por seus pecados, um cordeiro imolado pela covardia sadomasoquista de pervertidos fracos. Eles querem pão se multiplicando! Querem peixes ao invés de varas! Querem milagres! Querem mágica no espetáculo! E a preguiça se arrasta agarrada aos seus calcanhares. E então esperam a comida já mastigada... Antes fossem macacos, livres a pular de galho em galho, no coração da Mãe Verde, santificados por árvores. Mas bem sei que se fossem macacos prefeririam o realejo e as jaulas à liberdade. Chamariam de deuses os humanos que jogassem bananas ou pipocas por algum macaqueio engraçado. Escravos serão para sempre escravos... E quem espera para ser salvo esquece que dentro de si existe a chave. E nesse infinito espaço esquecem que o momento presente é o momento válido. Esquecem que a vida segue seu fluxo em harmonia e que impregna todo o espaço. Antes trocassem seus manuais de sobrevivência por espelhos que mostrassem as suas almas. Mas estão dopados... Macaquinhos dançando em frenesi ao som do realejo cruel dessa sociedade auto estuprada.