De tempos em tempos vemos pessoas e mais pessoas interessando-se e desinteressando-se por temas de cunho espiritual. Aglomerando informações das mais variadas, vão de nicho em nicho absorvendo o que lhe apetecem. Catam daqui, catam de lá e no passar dos dias tornam-se enciclopédias ambulantes de trechos e mais trechos daquilo que deveria funcionar como um capacitador, ou melhor, um dinamizador de consciência. E muitas vezes em meio à complexidade da mesma elas se sentem sem rumo, sem norte ou sul, sem qualquer perspectiva real do que isso de fato é. E constantemente escutamos as mesmas pessoas se voltarem contra e deflagrarem um grande insulto a tudo isso, sem perceber que no fundo todo o erro está no que parecia ser o mais sensato até então… o tal conhecer.
Hoje me deparei com uma frase de Gurdjieff: "um homem só conhece quando ele próprio é esse conhecimento" e isso rapidamente me remeteu a tantas e tantas conversas e discussões que tive com amigos próximos. Desses bons amigos que tem mais do que um sim ou um não como resposta. E isso me transmitiu um sentir pesaroso diante de tanto tempo perdido em meio a tanta falta de bom senso que tantos “buscadores” desperdiçam junto com suas próprias vidas sem saber o gosto do real de suas buscas…
Bem… O ato da pesquisa é e sempre será o mesmo: acumular. Logo após vem a avaliação do conhecimento pesquisado que necessitará claramente de uma base mínima dependendo do quão profundo você está na questão estudada. Isso requer, mais do que tempo, de muita boa vontade. Com o passar do mesmo passaremos para o ponto onde essa digestão por si só trará as vias típicas do conhecimento à tona. Isso em si é o início do processo. Assim você terá opções para seguir adiante com o pensamento, o que não significa que o mesmo já esteja claro de fato. Nesse ínterim, o indivíduo como um todo absorvendo do mesmo saber e difundindo o mesmo através de sua própria análise sofrerá a co-participação deste mesmo saber em seu dia a dia, visto que tudo aquilo que aceitamos ao compreender embrenha-se no ser que age, por natureza da guarda baixa. Com o tempo e uma boa dose de força de vontade o mesmo conhecimento deixa de ser algo alheio a você e torna-se parte do todo que é você. Mas isso não é tão fácil como possa parecer tendo em vista que se o mesmo conhecimento é justamente oposto a sua própria postura, o processo será então mais doloroso e o-astro_340provavelmente nem termine, no sentido exposto acima.
Tendo em vista todo esse peculiar processo o que de fato essas tais pessoas querem ao despejarem para dentro de suas mentes tanta informação desencontrada, mesmo que acerca do mesmo assunto? O que elas anseiam de fato é o saber pelo saber, ou pelo molde pressuposto que isso fatalmente acarretará?  Há uma busca real ou uma ânsia desmedida por aquilo que se diz ser algo valioso?
Responder essas perguntas aqui não é o intento e sim despertar um pouco da nossa autocrítica que a muito anda se arrastando, visto que o processo de desistência da “cadeira opcional” é o mesmo de sempre. Todos esses tantos buscadores que não saem de seus livros de história, padre-e-pastor-debateou não abrem nem ao menos a porta de casa para respirar tal pensamento são assim piores do que os tais religiosos fervorosos  (os primeiros a serem criticados pelos mesmos) que não enxergam um palmo além do que acham saber. E assim além do tempo perdido e vidas perdidas, os mesmos teimam em perpetuar a ignorância do ato divulgando aquilo do qual não têm conhecimento pleno. E tantos outros caem na mesma armadilha, necessária em partes, vil em outras. E o que poderia culminar em mudança de fato gera a mesma estupidez de sempre. Seres aprisionados pelo medo e a servidão às regras desmedidas e meias compreensões. 
No entanto volta à pergunta que ainda não foi proferida: mas como vir a ser o próprio conhecimento? Não diria que meu diagrama logo acima é infalível, mas parece razoável. Ler, portanto, é uma parte do todo, como o refletir, como o discutir sobre, como o criticar, como o modelar… como o aceitar ou rejeitar… e logo após o abandonar-se para tornar-se um outro “mesmo”. E sendo assim o tal conhecimento não será mais posto a prova, visto que é desnecessário avaliarmos o ato de andar se já andamos há tanto tempo. Consequentemente mais a frente estaremos aptos a absorver qualquer outra informação pertinente, estaremos aptos a transcender um novo horizonte, sempre com a ressalva de que tornar-se o conhecimento não significa abandonar o bom-senso. Na verdade é tudo um só processo, observado aqui nas suas partes mais bobas.
E que seja assim, esse discurso, um pedido discreto a esse cuidado com o que entra e se fixa na mente… sejam palavras… sejam ações… sejam idéias… sejam regras… etc., pois o que sairá logo após será de plena responsabilidade sua… de mais ninguém.